O início


Oi.
Meu nome é Sofia.
E essa é a história da minha vida. Ou melhor. Foi.

6 anos atrás.
— Sofia, vamos comigo, por favor? Vai ser muito legal. Eu juro!
— Bianca, eu já falei que não vou.
— Mas, por quê?
Eu não tinha uma resposta. E não sabia o que dizer pra minha melhor amiga. Ela sabia quando eu mentia. Então mentir não era uma opção.
— Eu simplesmente não quero ir.
— Você é muito chata! É só um jogo, poxa. Você adorava ir aos jogos comigo — disse Bianca com o olhar melancólico que sempre fazia com que eu mudasse de opinião. Não importava sobre o que.
— Está bem! Você venceu... Eu vou pro jogo com você.
— Obrigada, amiga — falou Bianca enquanto se jogava em cima de mim pra me abraçar — sabia que podia contar com você.



E no outro dia lá estávamos nós. No estádio. Eu havia esquecido que não queria ir. Bom, o jogo havia começado e o meu time estava ganhando. Eu estava feliz, mas não exatamente por isso. Fazia alguns minutos que algo tinha acontecido. E eu não esperava que isso acontecesse. E eu teria que agradecer a insistência da Bianca.
Nós tínhamos acabado de chegar à arquibancada quando um grupo de torcedores apareceu perguntando se gostaríamos de pintar nossos rostos. Eu não estava com meu melhor humor, porque simplesmente não queria estar lá, então estava olhando pro chão. Mas, então resolvi olhar pra frente. E meu mundo mudou. Parece que tudo perdeu o foco e eu só conseguia ver aqueles olhos. Eles eram comumente castanhos. Porém, eles tinham um brilho diferente. Um brilho que me hipnotizou.
— Você vai querer? — Perguntou Bianca.
— Sim — Respondi sem conseguir desviar daqueles olhos.
— Eu cuido disso, então — Disse o dono dos olhos hipnotizantes.
Você deve estar pensando nesse momento que eu me apaixonei. Mas, não foi exatamente assim. Eu não acredito em amor à primeira vista. Isso é balela. Foi uma sensação estranha. Algo que eu nunca havia sentido. Porém, obviamente, não era paixão. Muito menos amor. Era um sentimento diferente. Como se eu já conhecesse aquele olhar. Ele me transmitia confiança. E isso era insano, porque eu nunca tinha visto aquele cara na minha vida.
— Eu sou o Gabriel, e você? — Perguntou enquanto segurava minha mão para me ajudar a chegar ao lugar que ele estava.
— Eu me chamo Sofia — consegui responder depois de alguns segundos, porque simplesmente esqueci como eu me chamava. Que idiota!
— Então, Sofia, como você quer sua pintura? — perguntou antes de abrir o sorriso mais lindo que eu já vi em todo a minha vida. Não que eu seja assim tão velha. Eu só tinha 19 anos. Mas, convenhamos... Eu já tinha visto vários sorrisos, e, nenhum, podia ser comparado aquele. Talvez o do Ian Somerhalder, quando ele levanta apenas um dos cantos da boca e... Meu Deus! Estou perdendo o foco... Vamos voltar para o que interessa.
— Pode ser igual a sua — disse após meu intenso devaneio.
— Desculpa, mas está tudo bem com você? Você parece um pouco distante... — disse Gabriel pra minha enorme decepção comigo mesma. Eu não acreditava que estava parecendo uma idiota na frente dele. Não que eu me importasse de ser na frente dele. Eu me importava de parecer uma idiota, na verdade.
— Está sim. É que eu estou pensando nas possibilidades da vitória do nosso time, já que a nossa principal estrela não vai jogar — menti.
— Entendi. Eu estou um pouco preocupado. Mas, acredito que vamos vencer essa fácil. A gente tem que vencer, se quisermos continuar com chances ao título — disse enquanto olhava bem nos meus olhos. E nesse momento eu só podia agradecer por estar encostada na mureta, porque eu tenho certeza que se não fosse por ela eu teria nesse momento caído no chão. O olhar dele fez minhas pernas derreterem, metaforicamente falando, é claro.
E eu só consegui sorrir. Eu simplesmente não sabia o que responder. E tinha medo de que, se tentasse, iria falar algo que não tinha nada a ver com o assunto. O que ele estava fazendo comigo? Eu não podia acreditar. Eu estava passando pelo que eu sempre falava com a Bianca que não passaria. Como eu era estúpida. Estava pagando a minha língua. A partir desse momento eu jurei que nunca mais falaria que não faria ou passaria por algo.
E assim voltamos para o meu momento de felicidade na arquibancada, depois de ele ter feito a pintura no meu rosto e perguntado ao resto das pessoas se não seria melhor ficarem ali porque o jogo já iria começar, e todos concordarem.
— Eu gostei de você — falou Gabriel olhando para o chão e rindo timidamente. E, meu Deus, ele estava ruborizando. Eu não podia acreditar no fato que ele podia ficar ainda mais lindo.
— Eu também — respondi.

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